Quase que a totalidade das iniciativas coletivas e privadas, resultam em uma associação. Porém, este processo colaborativo ocorre de forma eficiente? O esforço da entidade tem dado retorno a minha empresa? Esta valendo a pena manter-se associado?
Hoje a pauta são as associações de turismo nos municípios.
De ante mão, partiremos do princípio que as associações das quais me refiro aqui, além de desempenharem a função representativa da atividade turística, são aquelas cujo objetivo principal é a captação de negócios via eventos (MICE) e ou fluxo turístico (visitantes). Todo processo envolvendo pessoas deve observar dois critérios que são essenciais para que se possa responder àquelas perguntas feitas no parágrafo anterior. A sustentabilidade em todos os níveis de uma associação de turismo, depende exclusivamente da observância da dinâmica que envolve os mesmos. Tenha isso sempre em mente.
A primeira é ACESSO AO MERCADO. É vital observar se o foco nos mercados mais interessantes está claro para os associados, e se os intermediários dos mesmos fazem parte do network da associação. Neste âmbito outras perguntas devem ser feitas. Por exemplo: Como é feita a estratégia de publicidade e propaganda desta oferta? Se ela é direcionada ou generalista? E também: No que tange ao MICE, as ações da entidade estão trazendo oportunidades aos principais segmentos da economia local? Quanto de esforço é gasto na articulação com o mercado corporativo/incentivos em setores específicos? E do lado da gestão, a associação promove ações como a compra coletiva de insumos, ou de intercâmbio ao uso equipamentos de gestão como softwears, por exemplo?
A segunda é a GOVERNANÇA, ou seja, diz respeito à forma com que se dá o processo de gestão, liderança, tomada de decisão, prestação de contas e relações institucionais com o gov. local e demais entidades em todos os níveis. Ela deve dar o suporte técnico (conhecimento do mercado) e institucional (articulação/network), a fim de dar amparo ao pleno desenvolvimento do item ACESSO AO MERCADO. O equilíbrio entre os dois critérios é vital, ainda que o motor seja o primeiro. Neste âmbito, observa-se: As decisões são feitas de forma organizada e democrática, tomadas de forma colaborativa em assembleia? Elas estas estão fazendo sentido para seus associados, pois se não fazem há uma tendência natural ao afastamento (pouco quórum) e a concentração da decisão em poucas pessoas, o que é muito ruim. Se o sentimento de pertencimento não ocorre, a confiança percebida declina. E sem confiança, nada faz sentido.
Se isto está acontecendo, há trabalho para fazer. E não pense que as pessoas se associam visando unicamente ganhos financeiros. Se primordialmente é o sentimento, este, em um segundo momento dá lugar a muitos outros, que é fruto dos aspectos sociais que são intrínsecos ao processo associtivista. As pessoas se sentem acolhidas, dividem seus problemas e dúvidas sobre aspectos do seu negócio. Elas aprendem e com isso se sentem parte de algo. Este é o ganho.
Quando estes dois critérios são bem entendidos e compreendidos pelos associados há uma tendência natural também em poder melhor observar o papel do poder público. Em outras palavras, melhora (e muito) o nível das discussões sobre o turismo do município com a Secretaria de Turismo no município, o que acarreta um ganho enorme de valor em todos os níveis. O associativismo nos empodera e nos faz entender melhor como as coisas funcionam, sobretudo no âmbito político e de mercado.
É errado (e muito) em dizer que nós não temos a cultura deste processo. O Brasil tem vários exemplos de associações de sucesso. O associativismo é o caminho mais robusto para que municípios possam evoluir. O que nos falta é uma Política de Turismo direcionada ao atendimento (capacitação) aos gargalos e necessidades destas entidades, muitos deles apresentados aqui. Isto porque, no contexto de hoje, são as associações nos municípios que podem transformar o turismo nacional.
No interior, bem como nas capitais a força do associativismo é dá resultado. Sem dúvida. Porém, contudo e entretanto é vital destacar que esta força deve ser também observada quando se trata da dinâmica entre associações de turismo que atuam num mesmo município. Mas isto, será tema dos próximos posts.
Dúvidas, sugestões e comentários? Escreva, pergunte.
Abraço e boa semana.
Mielke.
2 comentários em “Texto 6 – A força do Associativismo para o Desenvolvimento para o desenvolvimento do turismo no município: Acesso ao mercado & governança. Série Gestão de Associações, por Eduardo Mielke.”
Temos uma Associação que nos represente? Desconheço. Há uma intenção por parte de alguém em criá-la? Sei que eu e milhares de colegas de pronto faremos parte, desde que realmente traduza nossos anseios. Sou Laurelina (Lau Colino), Guia de Turismo e Agente de Viagens no Rj, desempregada por conta da crise político-econômico-social do momento em nosso País.
Olá Laurelina, tudo bem? Obrigado pelo comentário.
Você tem um Sindicato que te representa, não?
Abraços