Texto 72 – A LÍNGUA DO “P” NÃO DESISTE. MESMO COM PLANOS DIRETORES, MASTER PLANS E OUTROS “BLASTERS”…TUDO FICA SÓ NO PAPEL. Série Política de Turismo, por Eduardo Mielke.

Mais importante do que elaborar o Planejamento Estratégico (PET) ou Plano Diretor de Turismo (PDT) da sua Cidade, é saber tira-lo do papel. Este texto é uma resposta aos inúmeros pedidos que recebo no Blog ou via Inbox, para esclarecer acerca deste  tema.

Então, vamos lá…

PDTs são elaborados ainda dentro de um ambiente essencialmente público.  E é sabido que longo prazo e continuidade, não são exatamente palavras que fazem parte do vocabulário da Adm. Pública, não é mesmo? Solicitar aos Municípios que façam o seu PDT como parte de um Política Pública é excelente! Porém, é preciso ter em mente que tudo muda em nosso país a cada dois anos. Trata-se de um contexto organizacional das nossas instituições que não propicia colocar em prática qualquer tipo de planejamento.

Mesmo que durante o processo de elaboração dos PDTs é possível notar a presença do trade e do 3o Setor, pouco envolvimento é efetivamente concretizado após a sua  conclusão. Folha de presença em reunião/oficina não é nem de perto indicador de engajamento das pessoas. Não há uma percepção clara sobre de quem é a responsabilidade da execução. Fica muitas vezes subentendido que isto tudo deve ficar na mão do Secretário….e muitas vezes ele se posiciona desta maneira..

Mas, o principal erro que faz tudo ficar no papel, é a dificuldade da gestão política do processo, dentro do cronograma de execução dos PDTs.  O time chega a ser mais importante que o próprio PDT em si. Por exemplo: A partir de que momento deve ser elaborado o FUMTUR? Como e qual é o melhor período para encaminhar o Projeto de Lei do COMTUR à Câmara Municipal? E quem vai fazer isso? Quem convidará o Prefeito para conhecer a versão preliminar do PDT? Quais instituições e empresários serão chamados? Todas as respostas para estas e muitas outras perguntas, devem fazer parte do documento. Senão estiverem claras, nunca o plano sairá do papel…e se sair vai até a “página dois”…

Então o que fazer?

Em primeiro lugar, se for para cumprir tabela então não envolva ninguém. Seja claro com as suas intenções. Sabendo que as chances de não sair do papel são enormes, não contribua com a baixa auto-estima de quem quer “ver a coisa acontecer”. É um dano que só quem trabalha no dia a dia, sabe o quanto é difícil desfazer o estrago. Não contribua com o que a gente vê e segue vendo todos os dias.

Segundo. PDTs de fundamento são construídos não a partir de modelos ou soluções prontas, mesmo porque, elas não existem. Eles são elaborados de baixo para cima e em grupo, a partir de uma perspectiva de acesso ao mercado e governança. As soluções surgem a partir das discussões do grupo. Se você é consultor e me lê, no máximo pode oferecer exemplos de boas práticas que você encontrou na web ou que tenha visto, mas não faça deles o seu modus operanti.

E por fim, e fundamental. Não se elabora PDT sem o componente político. Turismo é feito de pessoas que tem um objetivo comum. E dentro deste objetivo, existem os interesses individuais e dos subgupos. Saber gerenciar as relações de confiança entre os envolvidos é o grande “x” da questão. Se você acha que não precisa saber de política, mude de profissão agora.  Turismo se constrói através da soma de vários setores privados (MH, A&B, Agenciamento, Eventos…) e públicos. Saber entender como se “roda o peão” nesta dinâmica do poder, é tão importante como saber que Turismo começa com T. Sem isso, você voltará no tabuleiro algumas letras ..lá para o “P”. Pense nisso.

Dúvidas, esclarecimento? Escreva.

Abraços.

Para quem não me conhece, meu nome é Eduardo Mielke. Meu trabalho é auxiliar Governos na busca por  processos cooperativos que resultem numa melhor articulação entre ele, Terceiro Setor e o Empresariado. O resultado e o que importa mesmo, é a geração de emprego e renda local. O resto é conversa fiada.

Palestras e Conferências? Escreva para mielke.eduardo@yahoo.com.br

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