Tudo o que você já leu na literatura específica sobre impactos negativos do turismo aconteceu em Cancún. Prepare-se a lista é bem extensa. Vai desde especulação imobiliária, criminalidade e prostituição, migração de espécies animais, escassez de água, contaminação do lençol freático, exclusão do contato entre residentes e turistas, lixo e poluição de todos os tipos e volumes, desfiguração da paisagem deixando tudo a lá meio Miami Beach, e até problemas com o narcotráfico. Em mais de três décadas, uma construção de danos irreparáveis, como é todo e qualquer impacto turístico.
Tudo isso, resultado daquilo que já conhecemos…
Se por um lado gerou milhares de postos de trabalho, Cancún empregou na verdade, imigrantes e pessoas que vieram de outros estados mexicanos. Não houve muito preocupação com a possibilidade de treinar os locais, coisa que via de regra é mais onerosa. Se por um lado gerou produção e consumo, importou quase tudo que os turistas consumiram e consumem, não favorecendo a indústria regional ou mesmo nacional. Há inúmeros dados e pesquisas à respeito. Para quem quiser os textos acadêmicos consultados, que não são poucos, por favor solicite-os pelo inbox da página do Facebook, ok?
Todas as coisas que deram erradas em Cancún, foram fruto de uma era onde tais preocupações eram qualificadas como “efeitos colaterais”, dado o montante absurdo de investimentos realizados e as possibilidades de prosperidade e progresso. É bom lembrar que nos 70 o Turismo, como campo de pesquisa, começava a mostrar seus primeiros resultados contundentes dentro de uma perspectiva investigativa mais global. Assim como, naquela época palavras como sustentabilidade e preocupações com uso dos recursos naturais, eram ainda desconhecidas do grande público.
Do ponto de vista social, ambiental e econômico (Tripé da Sustentabilidade) Cancún foi um desastre. Pois bem, passados 40 anos, recentemente o Ministro do Turismo destacou que uma das metas do seu programa de governo é investir nas AEIT, tendo Cancún como exemplo de sucesso. Na semana que vem, a PARTE IV desta série fará uma análise do que o MTUR deve se preocupar para evitar ao máximo o que Cancún é ou foi: um lugar muito bonito, como um modo de vida que só será lembrado através de fotos e relatos dos antigos. 🙁
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Abraço e obrigado pela confiança.
Para quem não me conhece, meu nome é Eduardo Mielke. Meu trabalho é auxiliar Governos na busca por processos cooperativos que resultem numa melhor articulação entre ele, Terceiro Setor e o Empresariado. O resultado e o que importa mesmo, é a geração de emprego e renda local. O resto é conversa fiada.
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1 comentário em “Texto 104 – ÁREAS ESPECIAIS DE INTERESSE TURÍSTICO (AEIT). PARTE III – O QUE DEU ERRADO EM CANCÚN. SÉRIE POLÍTICAS DE TURISMO, por Eduardo Mielke.”