Texto 28 – O ENSINO X EMPREGO EM TURISMO NO BRASIL. NO QUE PRECISAMOS AVANÇAR? Série Atendendo a Pedidos, por Eduardo Mielke.

E 4 anos depois, o aluno disputa emprego em hotéis, agências de viagem e em empresas de eventos. Ganhando bem aquém do esperado e concorrendo com pessoas que estudaram qualquer coisa, parece que é o que resta. E trabalho com planejamento e desenvolvimento turístico, não é uma opção?

Nem tanto. Só se faz planejamento turístico neste país para efeitos de cumprimento de alguma Ordem Judicial, Lei Estadual ou Federal (como é o caso de SP, hoje), ou se você conhece algum secretário que por um motivo particular decidiu te ajudar. Simples assim.

Além disso, dos projetos financiados por fundações ou pelo poder público, quase que a totalidade (em 2010, o número era 98%) acaba, logo depois que o recurso previsto também acaba. E isto se dá, não porque necessariamente foi mau feito. Mas sim, pela falta de manutenção mesmo, ou melhor dizendo, monitoramento. Turismo é feito de e por pessoas, e as relações de cooperação e confiança se constroem ao longo de anos, e não meses, que é normalmente o tempo de execução das ações financiadas. Portanto, acompanha-las deve fazer parte do projeto.

Avançando e contextualizando… em toda iniciativa, itens como: formação de lideranças, constituição de processos participativos de tomada de decisão, identificação de oportunidades de mercado turístico, disputas de poder, etc, fazem parte do dia-a-dia. São processos pelos quais o aluno deve estar preparado, pois certamente irá ter que lidar com todas eles.

Este dia-a-dia necessita conhecimentos metodológicos sólidos sobre: Política propriamente dita, processos de aglomeração e inovação (clusters, APLs, associativismo e sobretudo cooperativismo) sob a ótica das teorias de desenvolvimento econômico, empreendedorismo, gestão de grupos operativos, mediação e negociações, gestão pública (tanto do executivo como legislativo) e mercado turístico em todos os níveis da cadeia.

O problema é que quase nada destas faculdades constam no currículo básico de formação do turismólogo. E pior, pouco se realiza destas necessidades nos corredores… Talvez porque a solução é mais das ciências sociais e sobretudo, econômicas. Sem estes conhecimentos, o aluno chega ao mundo real e terá dificuldade em resolver o problema. E portanto, não ganha respeito nem para si, e nem para a sociedade. E, como não poderia deixar de ser diferente. … “disputa emprego em hotéis, agências de viagem ou em empresas de eventos. Parece que é o que resta, ganhando pouco e concorrendo com pessoas que estudaram qualquer coisa”.

Cíclico, não! Pense nisso.
Dúvidas, pergunte! E sobretudo sugira temas para a Série Atendendo a Pedidos.
Abr. Mielke. Dr.

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