Desde quando comecei a trabalhar na formação de grupos de turismo como associações, cooperativas e conselhos, sempre me deparei com este perfil. E olhe que nos últimos 12 anos, foram mais de 60 grupos diferentes, em 3 países e no Brasil em 9 UFs. Acontece que diferentemente do Facebook, em que você pode deletar ou evitar uma conversa ou pessoa num click, dentro de uma entidade não há como regimentalmente, excluir uma pessoa só porque ela é mala ou espaçosa. Então o que fazer?
Dê trabalho a ela. Designe-a como Diretor da entidade! Indique-a para gerir um projeto ou coordenar uma ação. Simples assim. Os “zé-contrinhas” querem muito mais chamar a atenção do que outra coisa. Donos de “sua razão”, cão que late não morde, mesmo porque se ele mordesse, a mala já teria deixado a entidade. Como insetos em volta de uma lâmpada, se ela tem esta gana toda, que manifesta-se através da ferrenha oposição, quase que implorando por atenção, dê a ela esta oportunidade. Veja, não comprometendo institucionalmente e/ou financeiramente a sua entidade, porque não? Mas faça isso devidamente registrado em ata! Nunca de boca. Via de regra, pessoas deste perfil tendem a sumir quando algum tipo de responsabilidade lhe é atribuída. Pense nisso.
Não querendo entrar nos meandros, a literatura específica é vasta sobre os motivos pelos quais pessoas que exibem comportamentos negativos, por assim dizer, são tão recorrentes. Desde de baixa (íssima) autoestima, falta de referência e até diagnósticos depressivos, são várias as razões.
O que importa aqui, é que dentro de um grupo de pessoas todos os esforços são sempre bem-vindos. Mesmo daqueles que não se enquadram dentro daquilo que esperamos de uma pessoa. O fato dela ser do contra, não necessariamente é ruim. Deve ser revertido em labor. Trata-se de uma manobra do bem. Tire o foco de quem sempre acha que está tudo errado e aproveite esta energia toda para servir ao coletivo, e quem sabe fazer o certo.
Na medida em que você coloca-a para assumir uma grande responsabilidade, de quem ela irá reclamar mesmo? Dela mesma? Talvez, da Maju, a moça do tempo? Mas atenção: Atribua tarefas, que possam ser facilmente mensuráveis quantitativamente depois. Em outras palavras, que resulte em números dentro de um determinado tempo de execução e que possam ser comparados (se possível). Certifique-se também, se o ambiente está adequado para a realização daquela tarefa. O tamanho da sua preocupação com estes detalhes táticos-operacionais e políticos é diretamente proporcional ao tamanho da “mala-sem-alça” presente.
De duas uma. Se ela tiver razão e lograr dar melhores resultados, é possível que não seja tão mala assim, não é mesmo? Mas se ela não conseguir por motivos atrelados às próprias decisões equivocadas (dela), registre em assembleia impreterivelmente. Isto porque, você mata dois problemas, pois além de institucionalizar as dificuldades, a mala conseguirá ver que gerir e prosperar uma entidade não é tarefa que se ganha no grito ou no posicionamento do tipo mala-sem-alça. Pense nisso.
Dúvidas, perguntas? Pergunte! Aliás, sinto falta da sua pergunta.
Abraços
Mielke, Dr.