Texto 14 – O horror da trilogia do mais do mesmo no turismo. Atá quando? Série Política de Turismo, por Eduardo Mielke.

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Repetir não é inovar. Esta história que vou contar agora reflete muito mais do que o panorama do turismo nos municípios, mas algo mais preocupante: O nível da percepção sobre a atividade e sua política. E esta, é a pauta de hoje.

Sempre que faço um trabalho para verificar as chances que o turismo tem de se desenvolver em uma cidade, é sempre a mesma trilogia. Mesmo que seja recorrente, me chamou a atenção de como a atividade é entendida. Sua dinâmica, necessidades, condições e função dentro da economia municipal. Prefeitos e Secretários e Empresários de cidades pequenas ou grandes são muito parecidos neste aspecto. E esta preocupação se justifica, pois impacta em cheio. Das ações mais simples às mais complexas ao desenvolvimento do turismo com o mínimo de base.

Ao conversar com as pessoas sobre esta possibilidade, vem logo a primeira da sequência. A clássica: “A minha cidade tem grande potencial para o turismo”. Elas a partir daí, sustentam isso com muito fervor e propriedade (no sentido restrito). Discorrem longamente sobre os atrativos naturais e culturais. Dão detalhes sugerindo até obras e intervenções que beiram o faraônico. Não as culpo, muito pelo contrário. Na realidade só expressam o quanto querem ter o melhor para sua cidade. Muitos deles acabaram de chegar da Disney ou Barcelona e tem a plena certeza que podem fazer o mesmo onde vivem. E porque não?

Em seguida vem o tradicional: “Mas, este potencial não é explorado”. Também ultra clássica, ela é dita acompanhada de uma certa melancolia temperada com um ar de indignação do tipo “se eu fosse prefeito faria tal coisa”. Normalmente, esta vem junto com a também corriqueira “o povo daqui não dá valor”, que por sinal traz à luz de como o patrimônio material e principalmente imaterial são percebidos como instrumento de experiência turística.

Por fim, e para fechar a trilogia, vem o mais do mais do mesmo de sempre: “Falta divulgação”. Em outras palavras, faz-se uma ligação direta do próspero potencial à falta de propaganda. Como se esta última ponta fosse a solução para todos os problemas do turismo municipal. Por esta lógica, com o “marketing” (onde aliás, há um péssimo entendimento do que isto quer dizer) o potencial turístico seria explorado com a vinda de turistas que visitariam a minha cidade, trazendo “dinheiro novo”. Simples assim. Até romântico, não é mesmo?

Um horror. E ainda tem, em pleno 2016, instituições que vivem de projetos de sensibilização da importância do turismo. Um penta horror. Passo mau. Bart Simpson e eu. De novo, seguimos o mais do mesmo. Meio enjoado, me pergunto: Quando mesmo que iremos começar falar seriamente sobre turismo como instrumento de desenvolvimento econômico no seu município?

Este cenário muito me preocupa, na medida que trata-se de uma realidade anterior ao mínimo que se espera da visão e entendimento de um dirigente de turismo. Os argumentos característicos do senso comum sobre a atividade turística e seus benefícios já deveriam ter ficado em 2006. Mesmo porque, são contraditórios ao fato de que há hoje exemplos de cidades brasileiras (e sul-americanas) que prosperaram com o turismo como pilar da economia do município. Eu as estudei todas. E todas sem saber umas das outras seguiram os mesmos passos, que aqueles que escrevo nos posts deste Blog. Pense nisso.

Dúvidas, esclarecimentos? Escreva, aqui é para isso.

Abraços.

Mielke

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