Esta semana trago um texto que tem por objetivo esclarecer de forma prática as diferenças entre estes temas citados no título deste artigo. Muito distante de ser uma discusão téorica, a ideia aqui é simplificar. Então, vamos lá!
Ah! Se esta é a sua primeira vez, seja bem-vindo!!! O objetivo aqui é te ajudar a colocar sua Cidade no Mapa do Mercado Turístico e de Eventos. Se gostou, compartilhe e curta!! Muito obrigado pela confiança. E o mais importante, se copiou algum trecho ou fez referência, cite a fonte. Seja ético. Seja Correto.
Bueno. Os ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS ou APLs é designação que se dá quando identificamos a presença de empresas de um mesmo setor, aglomeradas geograficamente em uma mesma região. Simples assim.
Um APL é um grupo de empresas que de alguma forma cooperam entre si, e que vem nesta proximidade geográfica alguma ou várias vantagens para seus negócios individuais. Por exemplo, se eu tenho vários restaurantes um perto do outro, é mais fácil para o cliente escolher dentre várias opções de tipos de comida oferecida, fazendo que haja um fluxo maior de pessoas se dirigindo para aquela região. Muitos restaurantes fazendo propaganda fazem que uma região ganhe fama, e, portanto, mais mercado!
Ou por um outro ângulo, quando temos várias empresas que vendem serviços semelhantes próximas uma das outras, normalmente existtirá uma comparação natural entre elas para saber quem é a melhor, quem atende mais rápido, quem tem um melhor preço, melhor estrutura e etc. Elas passam desta forma, a ver o que o vizinho está fazendo e tentam fazer diferente, se diferenciar. O que no final das contas, gerará a inovação, pois todos irão querer se sobressair sobre seus pares. Nesta conquista por mais clientes, o que vem a reboque, é a melhoria da qualidade dos produtos de uma forma geral. E é nesta “troca de figurinhas” que reside o segredo do sucesso de um APL. Por ter problemas comuns (e muitas das vezes custos também), estas empresas veem na cooperação uma forma de superar os desafios do dia a dia. E com o tempo começam a se destacar se comparados com empresas de outras regiões ou Estados. APL é isso, simples assim.
Depois de anos, quando o processo de interação e cooperação já estiver mais maduro, e se os participantes do APL veem que precisam dar um passo a mais, estará na hora de colocar as coisas no papel (…o que é bem normal e salutar). Este passo se dá pela simples necessidade de formalizar o que já vem decidindo e o que irão decidir de forma conjunta. Vislumbram também a necessidade de ter mais representatividade perante o poder público local, por exemplo. Esta organização, ou melhor dizendo, esta institucionalização é tornar-se um CNPJ ou uma Pessoa Jurídica, haja vista que os APLs ou Clusters não constituem uma empresa, mas sim conceito como comentado acima.
E quando esta formalização avança, tem-se então dois caminhos. Tornar-se uma associação ou uma cooperativa. Mas, há uma diferença. Cooperativas podem vender/comercializar o produto ou serviço dos seus cooperados através da cooperativa propriamente dita. Já uma associação, não. Estas tem o objetivo de representar os interesses dos seus associados, mas sem comercializar os seus produtos ou serviços através da própria associação. Ou seja, cada associado vende seu produto ou serviço através do seu CNPJ e não através do CNPJ da associação.
E tem outra diferença. As cooperativas contam com o SESCOOP (Sistema de Aprendizagem em Cooperativismo) que é um braço do sistema S, mas voltado ao cooperativismo. E o SESCOOP está dentro da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras). Em outras palavras, as cooperativas contam com muito mais apoio. Contudo, o funcionamento e o dia a dia (sem contar a parte financeira/comercial), de uma associação ou de uma cooperativa é muito semelhante. Ambas precisam de um estatuto, regimento interno, assembleias…etc.
Mas, a decisão de ir para o caminho das associações ou cooperativas se dá pela necessidade de melhor acesso ao mercado por parte dos próprios membros da associação/cooperativa. Em suma: Se através da cooperativa eu consigo vender mais o meu serviço, então montar uma cooperativa é vantajoso, caso contrário opte por uma associação. É uma conta simples que cada um de vocês deve fazer al longo do envolvimento do projeto. Não há receita de bolo. É preciso analisar caso a caso.
O mais importante é perceber como você se sente perante o grupo do APL do qual você faz parte. Nesta percepção é importante que você perceba o que você está ganhando com o grupo e, o que o grupo está ganhando com você fazendo parte dele. A cooperação só tem sentido quando existe um equilíbrio entre o grupo e você, e que esta balança bem aprumada te traga satisfação em fazer parte de algo. Muitas das vantagens que temos em nos associar nem sempre são financeiras. Por vezes somente por ter alguém para compartilhar as dificuldades e ter um ombro amigo, ajuda bastante. É claro que se você puder, ainda por cima, melhorar suas vendas, aí sim, “eu vi vantagem” (como se diz por estas bandas daqui).
Para que uma associação de certo são vários fatores que influenciam. Mas, de todos eles eu separaria em dois grupos de coisas que você precisa prestar atenção. PRIMEIRO – São as pessoas. Uma associação ou cooperativa é formada por pessoas que ali estão representando suas empresas, mas são pessoas com suas expectativas, angústias, medos, carências e desafios. Por isso, para que a semente do APL se torne uma frutífera associação, procure ter bem claro seu OBJETIVO. Para que ela serve? Qual é o foco? Como ela se mantem, já que é uma organização social sem fins lucrativos, um CNPJ?? Será de mensalidade? A viabilidade econômica de uma associação é um passo muito importante, mas é preciso ter muito claro o porquê de ela existir.
Por isso, esta discussão “amassa barro” é essencial e ela deve ser feita antes, durante e depois da formação da associação. Ela NUNCA deve perder a sua essência. Neste sentido, a formação de um grupo forte é mais do que importante. E grupos fortes nascem quando todos sabem o porquê de estar ali e constroem de forma colegiada todas as ações da associação. E aqui não falo de participação, mas sim de envolvimento e comprometimento (que são coisas bem diferentes, não é mesmo?). Este comprometimento tem muito a ver como cada um dos associados percebe a associação para o seu negócio individual. A pergunta que fica é: A associação tem me trazido coisas boas? O saldo é positivo?
Em SEGUNDO – São os produtos ou serviços envolvidos. Uma associação ou cooperativa de turismo precisa focar no mercado. No que vende. Na qualidade daquilo que comercializa. E é aí que a sua empresa entra. Turismo é uma atividade que é muito sensível a qualidade do serviço turístico que é ofertado. E aqui não falo de produtos luxuosos e caros. Como comentei tudo é turismável, desde que seja feito com atenção, carinho e com aquele sentimento de ser hospitaleiro. E quando falamos de serviços turísticos, falamos de todos as coisas que fazem parte da experiência do turista: onde ele dorme, onde ele se alimenta, o que visita, onde se diverte, como se locomove. Em outras palavras, o que ele sente, vê, prova, cheira, degusta e se percebe.
O serviço turístico por si só é um aglomerado de serviços que é ofertado ao visitante quando ele está de passagem por uma região ou mesmo um município. Então, é importante você ter sempre em mente que o seu serviço faz parte da experiência que o turista irá ter ao longo do tempo que ele estiver contigo e com os membros do APL. E perceba que os serviços turísticos são complementares uns aos outros. Por isso, o envolvimento de todos é fundamental para que possam apresentar um sorriso, uma comida, uma caminhada, uma cachoeira, uma acolhida e um abraço …tudo isso dentro de uma mesma experiência que o turista irá ter ao visitar a sua cidade, a sua comunidade. Pense nisso.
Espero que a leitura desde texto te ajude a olhar para o que interessa e o que dá resultado. Pense nisso. Para mais detalhes, dúvidas ou esclarecimentos? Escreva. Curta a fanpage @politicadeturismo ou escreva para eduardomielke2@gmail.com
Obrigado pela confiança e até o próximo texto. Para quem não me conhece, meu nome é Eduardo Mielke. Desde 2004, meu trabalho é ajudar você, que é gestor Público ou representa uma associação de turismo ou COMTUR. Os textos são também para orientar Governos que buscam usar de forma mais inteligente os recursos disponíveis através da cooperação. O que importa mesmo, é a geração de emprego e renda local. Turismo é negócio. Turismo é no município. O resto é conversa fiada.